Em 1983, Steve Jobs subiu ao palco para falar sobre computadores. Mas o que ele fez ali foi muito mais do que apresentar uma tecnologia, ele apresentou uma nova forma de ver o mundo.
Naquela época, computadores ainda eram novidades. Difíceis de usar, caros e, segundo ele mesmo, “feios”. Mas Jobs não via somente máquinas. Ele via uma revolução na forma como nos comunicamos, aprendemos e criamos. O computador, para ele, era um novo meio de comunicação — assim como o livro, o rádio e a TV foram em suas épocas.
E é exatamente por isso que aquele discurso parece ter sido feito ontem. A genialidade de Jobs preconizava uma revolução das relações através da tecnologia. Revolução que segue seu curso até hoje e que nos alerta para a necessidade de revisitar de que forma enxergamos o mundo. Esse é o convite que Jobs nos faz e que perdura até hoje.
A computação como linguagem do futuro (e do presente)
Steve Jobs dizia que o computador pessoal não era só uma ferramenta. Era uma extensão das nossas ideias. Um meio que poderia transformar qualquer pessoa em criadora: de textos, de imagens, de sistemas, de conhecimento.
Hoje, em 2025, é impossível não fazer o paralelo com a Inteligência Artificial.
Ferramentas como ChatGPT, VEO 3, Gemini, Perplexity, Midjourney, Runway, Sora, Gamma e tantas outras estão possibilitando que qualquer pessoa — com ou sem conhecimento técnico — crie imagens, vídeos, apresentações, códigos, simulações, mapas mentais e protótipos em minutos.
O que antes era limitado a programadores, designers e especialistas agora está nas mãos de qualquer curioso com uma boa pergunta e história para contar.
Jobs usou um termo curioso na época: fractional horsepower computing, uma referência ao motor elétrico que se miniaturizou e se espalhou pelo mundo.
O que estamos vivendo agora é a “IA de potência fracionada”: inteligência computacional em escala pessoal. Direcionada para quem precisa resolver problemas reais, como escrever um e-mail, planejar um evento, desenhar um logo, criar um roteiro de vídeo ou simular cenários de negócio.
De espectadores a coautores da tecnologia
Outro ponto que ele destacava, e que particularmente considero uma visão essencial, é que meios como rádio e TV recriam a experiência humana, enquanto o computador permite algo novo: uma forma interativa de viver e aprender. Ao invés de assistir passivamente ao conteúdo, nós interagimos, exploramos, desafiamos, testamos novos contextos e hipóteses. Em 1983, isso era revolucionário. Em 2025, isso é IA e quem sabe daqui a algum tempo seja a AGI (Inteligência Artificial Geral).
Veja só o poder da “realidade aumentada” que a inteligência artificial proporciona:
- Um arquiteto pode gerar 20 variações de um projeto em segundos com ajuda da IA.
- Um professor pode transformar uma aula em um vídeo animado, com storytelling e narração realista.
- Um empreendedor pode testar diferentes personas e mensagens com modelos de IA antes mesmo de lançar um produto.
Jobs falava sobre dar às pessoas a capacidade de desenhar, criar, experimentar — mesmo sem habilidades artísticas ou técnicas. Estamos vendo isso acontecer todos os dias, com cada nova aplicação de IA generativa.
Nesse artigo, estamos apresentando o movimento de inovação liderada por Steve Jobs e o poder da tecnologia como ferramenta. O seu uso sempre dependerá dos valores, ética e decisões do ser humano. Somos nós que direcionaremos o avanço ou retrocesso através da tecnologia, lembrando sempre de que o ser humano exerce o papel principal na transformação digital de uma família, empresa, cidade, estado ou país. A responsabilidade do seu uso SEMPRE será nossa.
IA como continuidade da inovação, não ruptura
Jobs também dizia que a Apple queria injetar artes liberais na computação. Isso explicava o cuidado com o design, as fontes, as interfaces e a experiência do usuário. E isso também nos ajuda a entender por que precisamos ser mais humanos, mais éticos, mais intuitivos e mais cuidadosos com o impacto social, econômico e cultural que o uso da computação, robótica e inteligência artificial geram.
Porque, no fundo, como ele mesmo dizia, tecnologia é sobre pessoas. É sobre como nos comunicamos com o mundo e como a comunicação se reconfigura entre as relações interpessoais e intrapessoais, através da evolução tecnológica.
É por isso que a IA não é o fim da criatividade humana — mas uma expansão dela. A IA não representa a substituição de TODOS os postos de trabalho, mas a reconfiguração dos postos de trabalho. Acredito que o modelo híbrido, ou seja, o melhor do humano somado ao melhor da máquina, produz resultados de progresso e evolução contínua.
Estamos prontos para isso?
Jobs encerrava sua fala com algo que carrega uma grande responsabilidade: “Estamos no lugar certo, na hora certa, com as ferramentas certas para colocar algo de volta no mundo.”
E você? Como tem usado a tecnologia para criar, comunicar e transformar? O que você retorna ao mundo? A pergunta que me faço diariamente é de que forma estou usando o meu tempo, a minha energia e as ferramentas que possuo para transformar positivamente a realidade ao meu entorno?
Se a computação pessoal nos tirou do papel de espectadores e nos colocou no controle dos processos de trabalho e de criação, a IA nos chama para um novo papel: o de cocriadores de experiências, soluções e significados.
O que muda é que, agora, não temos mais desculpas ou reclamações. Está tudo à nossa frente: acessível, intuitivo e poderoso. Basta trabalhar a resistência ao novo e aprender conceitos seculares da filosofia de que fazer as perguntas certas nos ajuda a sair do senso comum e a buscar respostas mais profundas. Essa é a lógica filosófica da inteligência artificial.
Steve Jobs sempre foi um homem visionário e sensível aos impactos que suas ideias e realizações iriam proporcionar ao seu entorno. Melhor do que a sua visão, foi a execução das suas ideias, no fundo, essa foi a verdadeira disrupção do seu legado.